Quando pensamos na Itália muitas coisas nos vem em mente e uma delas certamente é o famoso “aperitivo”, que é uma espécie de happy hour dos italianos, extremamente difundido e apreciado em todo o país.
Tecnicamente falando, aperitivo é na verdade o nome dado à categoria de bebidas alcoólicas e não alcoólicas que são consumidas antes das refeições com o intuito abrir o apetite.
Reza a lenda que ainda no século V a.C., foi descoberto que bebidas com sabor amargo aumentam a fome e é por isso que grande parte das bebidas com esse tipo de sabor são considerados os melhores aperitivos.
E como é um aperitivo na Itália?
Geralmente os aperitivos acontecem entre às 18h e às 20h em bares ou restaurantes que servem este tipo de bebida quase sempre acompanhados de um buffet. Normalmente se paga um valor fixo que dá direito a um drink e também a comer à vontade tudo o que está disponível.
Foi dessa forma que se manteve viva a tradição que remonta ao século XVIII, quando a bebida aperitivo era servida antes do almoço e/ou jantar. Essa tradição começou, na verdade, com a criação do vermute bianco por Antonio Benedetto Carpano em 1786, na cidade de Turim. O vermute, levemente amargo e muito apreciado pelo Rei Vittorio Emanuelle II, virou a bebida oficial da corte e caiu no gosto de várias pessoas importantes da época, de forma que seu sucesso estimulou a criação de outras bebidas semelhantes, cujo consumo explodiu em meados dos anos 1800 nos cafés das cidades mais cosmopolitas como Turim, Milão, Gênova, Roma, Florença, Veneza e Nápoles.
Mas e a origem do Spritz?
Poucos sabem mas o Spritz tem origens muito antigas. Nasceu durante o domínio austríaco no período lombardo-veneziano, entre o final do século XVIII e o início do século XIX, quando os soldados dos Habsburgos começaram a consumir os vinhos do Vêneto.
Segundo consta, os soldados achavam os vinhos locais fortes demais, e assim, para suavizar seu sabor, eles resolveram misturá-los com água gaseificada.
Resumindo, a primeira versão do Spritz é na verdade uma mistura de vinho branco e água gaseificada, ou seja, o que na prática seria um sacrilégio para os italianos amantes de vinho, deu origem ao coquetel mais famoso do país atualmente. Inclusive o nome Spritz deriva do verbo alemão spritzen, que significa “borrifar”.
O coquetel como conhecemos hoje nasceu apenas nos anos 20, quando se pensou em “manchar” a mistura com um sabor um pouco mais amargo.
Haviam duas versões de bebidas amargas famosas na época, as chamadas “bitters” – o Aperol produzido em Pádua, que é feito a base de diferentes laranjas e uma combinação de ervas e raízes, e o Select, cuja receita secreta contém cerca de 30 ervas aromáticas, produzido pelos irmãos Pilla, em Veneza. Inclusive a versão do Spritz feito em Veneza obteve sucesso global suficiente para ser incluído nas listas da IBA (International Bartenders Association) sob o nome de “Spritz veneziano”.
Apesar de existirem várias receitas que variam um pouco de região para região (como quase tudo na Itália), o fato é que o sucesso desta mistura (um bitter, um vinho prosecco e água gaseificada) foi esmagador e, claro, acabou se tornando um coquetel cult que se espalhou para outros países europeus.
Desde os anos 70, o Spritz ganhou popularidade em todos os sentidos e se mantém ainda hoje como um drink atual e jovem por ser colorido, fresco e não excessivamente alcoólico, perfeito para as noites de verão.
Gostou de saber dessa história? 🙂
Alla prossima!