Como Levar Cachorros e Gatos para a Itália: Guia Completo de Procedimentos e Custos

Viajar para a Itália é o sonho de muitos, e, para os donos de pets, a ideia de levar seus cães ou gatos para acompanhar a viagem pode ser um grande desafio. Felizmente, a Itália tem um processo bem definido para a entrada de animais de estimação no país, que inclui uma série de passos para garantir a saúde e o bem-estar dos animais, além de manter a segurança sanitária.
Neste post, vamos detalhar todos os procedimentos necessários para levar seu cachorro ou gato para a Itália, incluindo custos e documentos essenciais.

Verifique a Legislação Atualizada para Animais de Estimação

Antes de começar a planejar sua viagem, é fundamental verificar as regras e exigências mais recentes para entrada de animais de estimação na Itália. O governo italiano segue as normas da União Europeia (UE) para o transporte de animais, o que significa que as regras para animais de outros países podem ser bastaste rigorosas.

Comece a se planejar com muita antecedência, visto que o processo para levar animais à Europa é longo e possui várias etapas, conforme veremos abaixo.

Requisitos Básicos:

  • Animal deve ter microchip ou tatuagem: O microchip é obrigatório para identificação do animal.
    A tatuagem é aceita apenas em casos específicos e deve ser legível. O microchip deve ser implantado antes da vacinação contra a raiva e deve atender ao padrão ISO 11784 e ISO 11785. Deve estar datado, assinado e carimbado por um médico veterinário.
    É obrigatória a implantação/leitura do microchip antes ou no mesmo dia da vacinação antirrábica que deu respaldo à sorologia.
  • Passaporte de Animal de Estimação: O passaporte animal é um documento que pode ser usado para viagens nacionais e internacionais, e que substitui o Certificado Veterinário Internacional (CVI) em alguns países. Para emitir o passaporte animal, é necessário ir a uma unidade do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro). Esse passaporte contém informações sobre o microchip, vacinas e outros detalhes essenciais.
  • Vacinação contra raiva: A vacinação contra a raiva é obrigatória. O animal deve estar vacinado de acordo com as diretrizes europeias, ou seja, com a vacina válida e devidamente registrada no passaporte e no microchip.
  • Sorologia Antirrábica: Precisa ser realizada com uma amostra de sangue colhida pelo menos 30 dias após a data de vacinação e no mínimo 3 (três) meses antes da data de emissão do CVI. A coleta precisa ser enviada a um laboratório em conformidade com o artigo 3.º da Decisão 2000/258/CE. A lista de laboratórios aprovados pela UE está disponível aqui.
  •  Carteira de Vacinação: A carteira de vacinação animal é um documento que registra as vacinas do pet, como datas, selos de vacinação, revacinações e carimbo do veterinário. É entregue pelo veterinário que aplica as primeiras doses de vacina no pet.
    Atençao: Animais com mais de 12 semanas devem receber a vacina contra a raiva. Para animais com menos de 12 semanas de idade, que não receberam vacinação antirrábica, ou entre 12 e 16 semanas de idade e receberam vacinação antirrábica, mas ainda não decorreram 21 dias, pelo menos, desde a
    conclusão da vacinação primária, é necessária a autorização do órgão sanitário do país de destino
    para a circulação desses animais no seu território, e os animais devem estar acompanhados de uma declaração do dono ou da pessoa responsável pelo transporte, informando que, desde o nascimento até ao momento da
    circulação, os animais não estiveram em contato com animais selvagens de espécies sensíveis à raiva; ou pela mãe, de quem ainda dependem, e confirma-se que esta recebeu, antes do nascimento das crias, uma vacina antirrábica que cumpria os requisitos do Regulamento (UE) n.º 576/2013 do Parlamento Europeu.

As etapas exatas para levar seu animal de estimação para a Itália são as seguintes:

  1. Implantar o Microchip: Certifique-se de que o animal receba um microchip padrão ISO 11784 ou ISO 11785.
  2. Vacinar contra Raiva: A vacina de raiva deve ser administrada somente após a implantação do microchip.
  3. Realizar a Sorologia de Raiva: 30 dias após a vacinação, é necessário realizar um exame de sorologia para verificar a resposta imunológica à vacina.
  4. Enviar a Sorologia para um Laboratório Aprovado pela União Europeia: Envie o exame para um laboratório que seja reconhecido pelas autoridades sanitárias da UE.
  5. Aguardar o Resultado da Sorologia e Manter o Animal em Quarentena: Após a vacinação, o animal deve ser mantido em quarentena por 4 meses, aguardando o resultado da sorologia.
  6. Comprar as Passagens Aéreas e Reservar o Transporte do Animal: Adquira as passagens para sua viagem e, no prazo de 30 dias antes da partida, entre em contato com a companhia aérea para reservar o transporte do seu pet.
  7. Agendar o Certificado Veterinário Internacional (CVI): Após a compra das passagens, agende com antecedência a emissão do Certificado Veterinário Internacional no Ministério da Agricultura (VIGIAGRO).
  8. Emitir o Atestado de Saúde e Administrar Medicamentos: Visite uma clínica veterinária 7 dias antes da viagem para obter o atestado de saúde. Além disso, solicite ao veterinário a administração de vermífugo e a aplicação de uma solução anti-pulgas, de preferência a do tipo Bravecto.
  9. Enviar os Documentos para o VIGIAGRO: Até 72 horas antes da viagem, envie todos os documentos exigidos pelo VIGIAGRO.
  10. Receber o CVI do VIGIAGRO e Preparar-se para o Embarque: Após a aprovação e a emissão do Certificado Veterinário Internacional, finalize os preparativos e esteja pronto para o embarque.

 Passo a Passo: Como Levar Seu Cachorro ou Gato para a Itália

1. Consulte o Veterinário

Leve seu pet a um veterinário para garantir que ele está saudável e em dia com todas as vacinas exigidas. O veterinário será responsável por registrar as vacinas e fornecer o passaporte para animais de estimação.

2. Implante o Microchip

O microchip precisa ser implantado antes da vacinação contra a raiva, pois a vacina precisa estar registrada com o número do chip. Certifique-se de que o microchip esteja dentro dos padrões internacionais (ISO 11784/11785).

3. Vacinação contra Raiva

A vacina contra a raiva deve ser administrada em tempo hábil. O veterinário também deve registrar no passaporte a data da vacinação e o número do lote da vacina.

4. Sorologia

A coleta de sangue e a realização da sorologia devem ser feitas 30 dias após a aplicação da vacina contra a raiva. Vale ressaltar que nem todos os laboratórios estão autorizados a realizar essa sorologia, o que torna esse processo bastante específico e, por vezes, complicado.

Para garantir que o laboratório escolhido seja apto a fazer o teste, é recomendado consultar a lista oficial de laboratórios credenciados, que pode ser acessada aqui.

Depois é necessário enviar a sorologia para um laboratório aprovado pela União Europeia e aguardar o resultado enquanto mantém o animal em quarentena por 4 meses.

5. Compra e Reserva da Passagem aérea

Se você vai viajar de avião, entre em contato com a companhia aérea para garantir que o transporte de animais será feito de acordo com as normas internacionais. As exigências podem variar conforme a empresa, mas geralmente você precisará de uma caixa de transporte apropriada para o porte do seu animal, além de pagar uma taxa de embarque.

Animal na cabine

Animais podem viajar na cabine com o dono, mas isso depende de algumas condições estabelecidas pela companhia aérea. Cada empresa tem suas próprias regras, mas, em geral, os requisitos para que um animal possa viajar na cabine são os seguintes:

  1. Tamanho e Peso do Animal: A maioria das companhias aéreas permite que animais pequenos viajem na cabine, desde que o peso do animal, incluindo a transportadora (caixa de transporte), não ultrapasse um determinado limite, geralmente entre 5 a 8 kg. Animais maiores precisam viajar no compartimento de carga, no porão do avião.
  2. Tipo de Transportadora (Kennel): O animal deve ser transportado em uma transportadora ou caixa de transporte que atenda aos padrões da companhia aérea. Essa transportadora deve ser bem ventilada e caber sob o banco da frente do avião. As dimensões exatas podem variar de acordo com a empresa aérea.
  3. Saúde e Documentação: O animal deve estar saudável e com a documentação necessária, tudo isso que estamos explicando aqui.
  4. Limite de Animais por Voo: Muitas companhias limitam o número de animais permitidos na cabine, portanto, é importante fazer a reserva com antecedência.
  5. Comodidade do Animal: O animal deve permanecer dentro da transportadora durante todo o voo e não pode ser retirado durante o trajeto. O dono também deve garantir que o pet esteja confortável e tenha o suficiente para suportar a viagem (por exemplo, alimentação, água, e se necessário, medicamentos).

6. Certificado Veterinário Internacional (CVI)

O Certificado Veterinário Internacional (CVI) é emitido por veterinários oficiais credenciados pelos órgãos competentes de cada país. No Brasil, o órgão responsável pela emissão do CVI é o VIGIAGRO, que faz parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Como Funciona a Emissão do CVI no Brasil:

  1. Consulta ao Veterinário Credenciado: O primeiro passo é consultar um veterinário habilitado que possa realizar os exames e garantir que o animal atenda a todos os requisitos sanitários exigidos pelo país de destino. O veterinário será responsável por preencher o certificado de saúde e verificar a documentação do animal (como microchip, vacinas, etc.).
  2. Solicitação ao VIGIAGRO: O veterinário, em seguida, solicita ao VIGIAGRO a emissão do Certificado Veterinário Internacional. O CVI é necessário para a entrada do animal em outros países e é utilizado como um documento oficial para atestar que o animal está saudável e cumpre todos os requisitos de saúde exigidos pelo país de destino.
  3. Documentação Requerida: O CVI será emitido com base nas informações do passaporte de animal de estimação (no caso de viagens internacionais) e na verificação das vacinas, exames e tratamentos exigidos pelo país de destino. O documento também pode incluir informações sobre o microchip, a vacinação contra raiva, exames de sangue, entre outros requisitos.
  4. Envio dos Documentos ao VIGIAGRO: O veterinário ou o proprietário do animal deve enviar a documentação necessária ao VIGIAGRO para validar e formalizar a emissão do CVI. Isso inclui exames, histórico médico e outros documentos pertinentes.
  5. Aprovação e Emissão do CVI: Após a análise, o VIGIAGRO emite o Certificado Veterinário Internacional, que é assinado e autenticado pelos responsáveis.

    Prazo e Custos:

    • O processo de emissão do CVI pode levar de 3 a 7 dias úteis, dependendo da complexidade dos exames e da análise do VIGIAGRO.
    • O custo para a emissão do CVI varia, mas geralmente fica entre R$ 200 e R$ 400, além de possíveis taxas adicionais para exames veterinários e consultas.

    Quando Solicitar o CVI:

    É importante solicitar o CVI com bastante antecedência à viagem, pois ele tem uma validade de 10 dias antes da data de embarque. Ou seja, o processo deve ser iniciado com pelo menos 15 dias de antecedência, para que o animal passe por todos os exames e procedimentos necessários.

    7. Desparasitação (Dependendo do País de Origem)

Alguns países exigem que os animais passem por um tratamento de desparasitação contra tênia (Echinococcus) entre 24 e 120 horas antes de entrar na Itália. Isso é mais comum em países como a França e alguns países do leste europeu.

8. Atestado de Saúde Veterinário

O Atestado de Saúde Veterinário é um documento obrigatório para viagens internacionais com animais, que deve ser emitido no máximo 7 dias antes do embarque. Ele atesta que o animal está saudável e apto para viajar, com base em um exame físico completo feito por um veterinário habilitado. O atestado também confirma que o animal está com as vacinas em dia e que recebeu os tratamentos necessários, como vermífugos e antipulgas, administrados antes da viagem.

Além disso, alguns países exigem que o animal esteja livre de parasitas, como pulgas e vermes, o que torna essencial o uso de produtos específicos, como o Bravecto, dentro de um intervalo de 24 a 72 horas antes do voo.

Esse atestado, juntamente com outros documentos, como o Certificado Veterinário Internacional (CVI), é exigido pelas autoridades sanitárias para garantir que o animal não represente riscos à saúde pública. O atestado ajuda a garantir uma viagem segura e tranquila para o pet, evitando complicações na chegada ao destino.

9. Chegada na Itália e Inspeção

Ao chegar na Itália, seu animal será inspecionado na chegada. Os oficiais sanitários do aeroporto podem verificar o microchip e o passaporte do animal. Se tudo estiver conforme as regras, o animal será liberado para entrar no país.

Se houver algum problema com a documentação ou o animal não atender aos requisitos de saúde, ele pode ser colocado em quarentena até que a situação seja regularizada.

Custos Envolvidos no Processo

Os custos para levar seu animal de estimação para a Itália podem variar dependendo de vários fatores, como o porte do animal, o tempo de antecedência com que você organiza o processo e as tarifas da companhia aérea. A seguir, estimamos os principais custos envolvidos:

1. Implante de Microchip

  • Custo estimado: R$ 100 a R$ 300
    O custo do microchip pode variar dependendo da clínica veterinária e da região.

2. Vacinação contra Raiva

  • Custo estimado: R$ 150 a R$ 300
    O preço pode variar conforme o tipo de vacina e o veterinário.

3. Passaporte de Animal de Estimação

  • Custo estimado: R$ 150 a R$ 250
    O passaporte será emitido pelo veterinário e deve conter informações detalhadas sobre as vacinas e o estado de saúde do animal.

4. Certificado Veterinário Internacional

  • Custo estimado: R$ 200 a R$ 400
    Este documento pode ser obtido através de um veterinário especializado, que precisará assinar e autenticar o certificado.

5. Taxa de Transporte Aéreo

  • Custo estimado: R$ 500 a R$ 3.000
    O custo de transporte varia dependendo do porte do animal e da companhia aérea escolhida. Os valores também dependem da classe em que o animal será transportado (na cabine ou no compartimento de carga).

6. Desparasitação (se necessário)

  • Custo estimado: R$ 100 a R$ 250
    Caso o seu país de origem exija desparasitação, o valor do tratamento será adicional.

7. Quarentena (se necessário)

  • Custo estimado: R$ 200 a R$ 1.000 por dia
    Se seu pet for encaminhado para quarentena, o custo pode ser alto, variando conforme a duração e o local de internação.

Dicas Importantes

  • Planeje com Antecedência: Para evitar imprevistos, inicie o processo de viagem com pelo menos 6 meses de antecedência. Isso dará tempo suficiente para cumprir todas as exigências e garantir que os documentos estejam prontos.
  • Esteja Atento aos Prazos: Como vimos, algumas exigências (como a vacina contra raiva) têm prazos específicos que precisam ser cumpridos. Fique atento a essas datas.
  • Pesquise a Companhia Aérea: Certifique-se de que a companhia aérea escolhida tem experiência no transporte de animais e que oferece boas condições de viagem para seu pet.
  • Leve em Conta o Clima: O clima da Itália pode variar, por isso é importante preparar seu animal para a viagem. Se você vai para uma região mais quente, certifique-se de que o seu pet esteja confortável durante o transporte.

Conclusão

Levar um cachorro ou gato para a Itália exige atenção a uma série de requisitos legais e de saúde, mas com planejamento e organização, o processo pode ser feito sem grandes complicações.
Ao seguir os passos descritos neste guia, você garantirá que seu pet esteja seguro e confortável durante a viagem, cumprindo todas as normas exigidas pela Itália.

Lembre-se de que cada situação pode ter particularidades, e é sempre aconselhável consultar um veterinário especializado em viagens internacionais de animais para garantir que todos os documentos e procedimentos sejam seguidos corretamente. Boa viagem para você e seu pet!

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